Los Angeles e Espírito Santo - uma comparação histórica.

Quando os brasileiros aprenderão que não podem confiar no Estado?

No dia 29 de abril de 1992 um júri do estado da Califórnia (EUA) absolveu quatro oficiais do Departamento de Polícia de Los Angeles (todos eles brancos), de agressão contra o motorista negro Rodney King após uma perseguição em alta velocidade. A agressão dos policiais foi filmada e divulgada na televisão.

O veredicto causou uma das maiores (talvez a maior) revolta de cunho racial dos EUA. Durante seis dias multidões furiosas circularam por Los Angeles (LA) saqueando lojas, incendiando prédios e causando mais de 1 bilhão de dólares de prejuízos diversos. Isso sem falar de 53 pessoas mortas e 4000 outras feridas.

Como a polícia local não conseguia controlar os distúrbios, foram convocados os Fuzileiros Navais (Marines) e a Guarda Nacional da Califórnia, o que, finalmente, pôs fim às manifestações.

Aqui no Brasil soubemos dos distúrbios mas, evidentemente, a imprensa tupiniquim deixou alguns detalhes "inconvenientes" de fora. Um deles foi a reação de Koreatown.

Como o nome indica, este é um bairro predominantemente ocupado por imigrantes coreanos e seus descendentes. É um bairro pobre (para os padrões americanos), habitado por segmentos de classe média baixa. O comércio era, em sua maioria, composto por pequenas lojas de varejo.

Não se sabe bem porque, mas no segundo dia de distúrbios a polícia de LA se retirou de Koreatown abandonando os moradores a própria sorte. 45% de todos os prejuízos materiais e cinco assassinatos ocorreram neste bairro.

Nas fotos abaixo vemos ladrões oportunistas saqueando lojas da região.

Foi então que começou a reação. Moradores montaram patrulhas armadas para expulsar os baderneiros do bairro. Comerciantes se armaram e montaram barricadas em suas lojas e atiradores foram colocados nos telhados.

Segundo o lojista Jay Rhee, dono de uma loja na área, num único dia foram disparados mais de 500 tiros para o alto e para o chão para afugentar os manifestantes e quatro saqueadores foram feridos a bala.

Resultado: as turbas ensandecidas foram procurar outro lugar para extravazar seu ódio. Vinte e quatro horas depois chegaram os homens da Guarda Nacional e a paz voltou a reinar no bairro.

Este episódio de Los Angeles me veio à mente em função da "greve" da Polícia Militar do Espírito Santo (ES), que ocorreu na segunda semana de fevereiro de 2017 em Terra Brazilis. (Coloco a palavra "greve" entre aspas porque militar não faz greve. Eles se insubordinam ou se amotinam. Greve é um eufemismo da imprensa e de autoridades frouxas - mas isso são outros quinhentos).

Bem, com a ausência anunciada do policiamento das ruas, marginais e a ralé de nossa sociedade aproveitaram para liberar seus piores instintos nas ruas das cidades capixabas. Mais de 130 homicídios foram cometidos e incontáveis lojas foram saqueadas em diversas cidades do estado. Aqui devemos notar uma pequena diferença entre os conflitos de LA e do ES. Em LA era um protesto racial e inúmeras lojas e casas foram incendiadas. A marginália do ES não botou fogo em nada. Só queriam se vingar de desafetos e "se dar bem".

Ao contrário de Koreatown em LA, nenhum comerciante de nenhuma cidade capixaba se armou para defender seu negócio, nenhum cidadão montou patrulha para proteger seu bairro. Que diferença, não é mesmo?

Serão os capixabas covardes? Ou, talvez, menos corajosos que os coreanos? Claro que não! O que acontece é que o Brasil é uma nação desarmada. Aliás, o ES foi um dos estados da Federação que mais recolheu armas nas campanhas de desarmamento promovidas pelo governo. (Será que alguém se arrependeu?)

Em junho de 1927 o famoso cangaceiro Lampião resolveu atacar a cidade de Mossoró (RN). Os tempos eram outros e os cidadãos da cidade se armaram e receberam o bando de lampião (cerca de 60 cangaceiros) a bala. Morreram cinco dos atacantes, inclusive o famoso cangaceiro Jararaca. Bons tempos onde não havia Estatuto do Desarmamento nem distinção entre calibres permitidos e proibidos. Naquele tempo os brasileiros ainda não eram coitadinhos.

Hoje em dia, além de sermos uma sociedade desarmada, somos também uma nação onde a Legítima Defesa, apesar de constitucional e constar do Código Penal, não é considerada legítima de fato e o cidadão sofrerá o peso de uma legislação voltada para punir quem reage. É um país onde o marginal é visto como um pobre injustiçado e se você é um comerciante e tem dinheiro para comprar uma arma, então você faz parte da "elite opressora". És um "coxinha" desalmado!

Bem, os resultados óbvios dessas políticas ficaram evidentes no ES para quem quiser ver. Aqueles que ainda acreditam que o Estado o protege devem botar as barbas de molho.

Está na hora da classe política brasileira se curvar ao desejo do povo, manifesto no Referendo de 2005, e se mostrar à altura dos acontecimentos para reformar urgentemente o Estatuto do Desarmamento e o código penal para a garantir a Legítima Defesa no país.

Rio de Janeiro, 12 de fevereiro de 2017

Leonardo Arruda
Associação Brasileira Pela Legítima Defesa
www.pelalegitimadefesa.org.br

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