CORREIO DO CIDADÃO Nº 067

divulgado em 22/JAN/98

DISCAR 911 NEM SEMPRE É SUFICIENTEMENTE RÁPIDO

Editorial do jornal The Baltimore Sun, republicado em The Duluth Minnesota Opinion - 06/jan/99

Por: Adams

Bem, agora é oficial: sou um membro de carteirinha da National Rifle Association (NRA). Paguei 25 dólares e agora posso anunciar ao mundo que faço parte do "lobby das armas".

Recentemente, contei a um amigo que me filiei a NRA e ele me olhou incrédulo perguntando, "Você tem uma arma?"

Bem, esta é realmente uma pergunta idiota. É claro que eu tenho uma arma: um revólver .357 Magnum. Como ser um verdadeiro membro da NRA sem uma arma?

De fato, alguns membros da NRA acham que é necessário ter um armário cheio de armas e munições altamente mortíferas, além de uma bazuca, para ser um verdadeiro adepto da Segunda Emenda. Eu não sou um desses extremistas. Comprei um revólver por uma razão muito simples: proteger meu lar e minha família. Não quero ter um arsenal, apenas uma chance de me defender se alguém forçar a entrada em minha casa.

Alguns de vocês devem estar pensando, "Porque você não disca 911 e deixa a polícia cuidar do caso?" Porque não importa quão eficiente a polícia seja, sempre haverá situações em que o 911 não será rápido suficiente.

Posso basear minha opinião a esse respeito a uma situação que presenciei em meados da década de 80.

Eu chegava na redação às 4:30 horas e começava imediatamente a buscar notícias para a seção policial do jornal. Eu ligava para as delegacias de Baltimore e outras do estado e ficava abismado como volume de crimes. Assassinatos, mutilações, assaltos - era uma corrente sem fim de inumanidades cometidas entre humanos. As histórias mais sensacionais eram publicadas, mas muitos outros atos de brutalidade ficavam sem ser reportados.

Uma notícia de primeira página me marcou particularmente. Na noite de 18 de setembro de 1986, Frak Green, um fugitivo de Nova Iorque, matou a tiros um policial do posto de pedágio perto de Havre de Grace e feriu outros 3 policiais numa perseguição pela cidade.

Green conseguiu iludir seus perseguidores por horas e, no alvorecer da manhã seguinte, arrombou a porta de uma casa e aterrorizou seus ocupantes. Green brandiu sua pistola exigindo dinheiro e uma camisa nova. Pegou a chave do carro de um de seus cativos e fugiu com o veículo. Felizmente, Green não feriu ninguém na casa. Ele foi capturado pouco tempo depois e condenado a 215 anos de prisão.

Uma nova frase foi incorporada a meu léxico: invasão de domicílio. É o que acontece quando você atende a campainha e algum marginal força sua entrada para roubá-lo --ou coisa pior. Fiz uma busca pelos arquivos computadorizados do Sun e encontrei inúmeros incidentes similares.

Posso assegurar que não tenho uma atitude superior em relação a armas de fogo e possuo um profundo respeito pela vida humana.

Coisas absurdas, entretanto, acontecem, como aquela vez que, ao entrar em casa, interrompi a ação de um ladrão. Um instante após fechar a porta um sexto sentido me avisou que havia algo errado. Um relance de terror me imobilizou. No segundo seguinte ouvi barulhos: o intruso derrubou algumas coisas enquanto fugia pela porta dos fundos. Este incidente me mostrou como somos vulneráveis em nossas casas.

Perguntem a Carl Rowan, um campeão das causas liberais, inclusive proibições de armas, o que ele acha de discar 911. Rowan matou um intruso dentro de sua casa a cerca de 10 anos atrás. As ideologias são descartadas quando sua vida está ameaçada.

Estima-se que os americanos possuem 200 milhões de armas - destas, 85 milhões são armas de mão. A cada ano, mais de 450 mil crimes, incluindo 10744 assassinatos, são cometidos com armas de fogo. Na semana passada, o Departamento de Justiça anunciou que os crimes violentos atingiram seu nível mais baixo em 24 anos e que os crimes contra a propriedade também apresentaram sensível declínio. Mas os americanos usam suas armas defensivamente 2,5 milhões de vezes por ano. Exibir a arma é, quase sempre, o suficiente para interromper um ataque, segundo John R. Lott Jr., o autor de "Mais Armas, Menos Crimes" (University of Chicago Press).

A indústria americana de armas é composta por um punhado de pequenas companhias privadas, com vendas entre dois a três bilhões de dólares anuais. Essas companhias estarão lutando por sobreviver com as vendas em queda e as ações movidas por prefeituras de todo país.

No mês passado, em Chicago, advogados e prefeitos de 13 cidades se encontraram para traçar uma estratégia para um ataque judicial à indústria de armas. Em novembro, Nova Orleans e Chicago tornaram-se as primeiras duas cidades a acionar os fabricantes de armas para recuperar os gastos com pronto-socorros e serviços policiais relacionados com crimes. Apenas Chicago está pedindo cerca de 433 milhões em reparações.

É óbvio que são dois os propósitos dessas ações: implementar um controle de armas que não passe pelo poder legislativo e levar à falência os fabricantes de armas. Também está claro que os grandes vencedores dessas ações serão os advogados. Recentemente eles embolsaram 206 milhões com a indústria do fumo e com o contínuo litígio com a indústria do amianto.

Tenho um série de restrições aos extremistas da NRA, mas filiei-me porque é a única maneira de enfrentar os ativistas anti-armas que querem usar o judiciário para contornar o poder legislativo. Nunca me imaginei numa organização de direita, muito menos numa dirigida por Charlton Heston e Trend Lott, mas cá estou eu. O controle de armas deve ser um assunto para os eleitores, não uma cruzada liderada por uma horda de ambiciosos advogados.

E para vocês que ainda estão em cima do muro, lembrem-se: nem sempre discar 911 é rápido suficiente.
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Adams é editorialista do jornal Baltimore Sun.
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COMENTÁRIO:
Pelo artigo podemos deduzir que em Baltimore o serviço 911 funciona direitinho. Já em Pindorama ...

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