UMA COMPARAÇÃO ENTRE ISRAEL & EUA.
por Don B. Kates (CSN/The ClariNet - 16/dez/97)

    Quando um estudante de primeiro grau, com 14 anos, atirou em 8 pessoas matando 3, na cidade de Paducah - estado de Kentucky, durante um encontro religioso não muito tempo atrás, muitas pessoas bem-intencionadas concluíram que só havia uma resposta possível para esse tipo de acontecimento: Leis mais rigorosas contra armas ou, até mesmo, o confisco delas.

    A experiência mostra, entretanto, que leis sobre armas têm pouca valia. Nos últimos 20 anos a posse de armas duplicou em nossa sociedade enquanto o número de homicídios baixou sensivelmente.

    O cidadão comum não mata. Essa é uma regra praticamente sem exceção. Nossas leis já proíbem aqueles que matam de possuir armas: ladrões, viciados, jovens transviados e malucos. Mesmo assim, eles sempre arranjam um jeito de matar.

    Israel, que possui muito mais experiência com massacres, adota uma postura diferente. Lá o governo licencia adultos treinados e responsáveis de forma que civis armados estão sempre prontos a se defenderem (e a outros) em locais públicos.

    O criminologista israelense, Abraham Tennenbaum, diz: “A taxa de homicídios em Israel sempre foi muito baixa - muito menor que a taxa dos EUA... apesar da maior disponibilidade de armas para civis”. Em contraste, as leis da Califórnia e de Nova Iorque tornam praticamente impossível um cidadão sem influência obter um porte de arma.

    Vejamos alguns exemplos de como essas duas abordagens funcionam na prática:

    Em 3 de abril de 1984, três terroristas árabes tentaram metralhar uma multidão num mercado em Jerusalém. Conseguiram fazer apenas uma vítima antes de serem alvejados por civis armados. No dia seguinte, os terroristas sobreviventes disseram que o grupo pretendia atirar na multidão e fugir antes da chegada da polícia. Eles declararam não saber que civis israelenses portam armas.

    Em 18 de julho de 1984, um guarda de segurança desempregado atirou em 31 pessoas, adultos e crianças, durante 77 minutos, no Mac Donalds de San Ysidro, Califórnia, até que a polícia chegasse e pusesse fim ao massacre matando-o.

    Em 6 de abril de 1994 (segundo a agência da Associated Press em Israel), “Um palestino abriu fogo hoje, com uma metralhadora numa estação de ônibus perto do porto de Ashdod, matando um israelense e ferindo outros 4 antes de ser morto por populares...”.

    Quatro meses antes, Colin Ferguson atirou em 22 civis desarmados, matando 5, num trem em Long Island, Nova Iorque.

    Em 9 de outubro de 1997, na cidade de Pearl, Mississipi, um adolescente de 16 anos esfaqueou a mãe e atirou em 9 pessoas em seu colégio, matando duas. A carnificina só parou quando o assistente do diretor da escola pegou sua pistola .45 e confrontou o garoto.

    De acordo com o criminologista Gary Kleck, da Universidade da Flórida, que é co-autor de um livro sobre armas e violência comigo, 2,5 milhões de americanos responsáveis utilizam armas anualmente para impedir um crime. A ONG - Handgun Control Inc. recomenda às vítimas em potencial para nunca resistirem ao roubo ou ao estupro: “A melhor forma de não se ferir, é não oferecer qualquer resistência. Dê-lhes o que eles querem ou fuja”. Mas o professor Kleck afirma que vítimas que usam armas para repelir criminosos têm apenas a metade da possibilidade de se ferir e muito menos de ser roubada ou estuprada.

    O estado do Mississipi, assim como 30 outros estados americanos, permitem a adultos responsáveis portar armas. Os resultados dessa política foram analisados pelos professores John Lott e David Mustard da Universidade de Chicago, baseados em dados obtidos de 3054 cidades dos EUA desde 1977. Os professores concluíram que nos estados com essas leis, milhares de assassinatos, roubos, estupros e raptos deixaram de acontecer. Em um trabalho ainda a ser publicado, o Professor Lott descobriu que, nesses estados, o número de massacres vem declinando continuamente, o que não acontece na Califórnia, Nova Iorque e outros estados que não concedem portes de arma.

    Muitos jornais não consideram esses estudos “adequados para publicação”, assim como os incidentes em Israel. Ao contrário, eles editorializam que o banimento indiscriminado das armas irá reduzir a incidência de massacres e de assassinatos comuns. No entanto, em momentos mais descontraídos, até os mais ferrenhos anti-armas admitem que nenhuma lei desarma terroristas ou maníacos homicidas.

    Leis bem redigidas e sensatas têm um papel importante em nosso sistema penal. Isto inclui a permissão para adultos idôneos portarem armas de fogo. Impedir um cidadão responsável de se armar não funciona. O crime não diminuirá desarmando-se suas vítimas.



Don B. Kates é Analista Político do Pacific Research Institute de São
Francisco, Califórnia e co-autor com Gary Kleck do livro “The Great
American Gun War: Essays in Firearms and Violence”. O original desse
artigo pode ser visto em :
http://teapot.usask.ca/cdn-firearms/Kates/prohib.fails.

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