USA TODAY
Pergunta: A proibição das armas funcionará a contento?
O pres. Clinton baniu a importação de algumas armas "de assalto"(*).
Você acha que novas leis vão coibir o uso ilícito dessas
armas?
Respostas: SIM - 9,8%; NÃO - 88,2%;
NÃO SABEM: 1,8%
Total de respostas: 11927 (em 08/abr/98)
CNN Interactive
Pergunta: Você acha que armas "de assalto" devem ser proibidas?
Respostas: SIM - 30%; NÃO - 70%
Total de respostas: 39442 (em 08/abr/98)
MS-NBC
Pergunta: Você aprova a decisão de tornar permanente a
proibição de importação de armas "de assalto"
convertidas para "esportivas"?
Respostas: SIM - 15%; NÃO - 85%
Total de respostas: 9022 (em 09/abr/98)
Surpreso com o resultado? Nós não!
Este tem sido o padrão de resposta em todos os países
do mundo a esse tipo de pergunta.
Eis o motivo pelo qual o governo brasileiro (e nossa mídia amestrada)
não faz pesquisas sobre esse tema: A resposta incomoda. (Por esse
mesmo motivo também não perguntam sobre a pena de morte)
Para obter um padrão de resposta diferente é preciso formular a questão de forma capciosa, por exemplo: "Você acha que devemos proibir as armas para reduzir a criminalidade e a violência?" Nesse caso, a resposta positiva costuma ser maior que a negativa. Isto acontece porque a chamada "... para reduzir a criminalidade e a violência" é muito forte. Quem não quer reduzi-las? As pessoas leigas no assunto não percebem, de imediato, que não existe relação causa e efeito entre proibir e reduzir quando tratamos de crimes. Só iludindo o povo é possível faze-lo concordar com mais proibições de armas.
Alguns críticos dirão - Bem, isso é lá nos EUA. No resto do mundo não é assim. Ledo engano. Na Inglaterra, por exemplo, em dez de 1996 quando começou a campanha por novas proibições de armas, o príncipe Phillip externou, numa entrevista à BBC Radio 5, sua opinião contrária ao desarmamento. O assunto virou um escândalo tipicamente inglês, pois não é comum os membros da família real darem declarações políticas. Imediatamente vários jornais britânicos saíram em campo para colher a opinião "das ruas" sobre a declaração do príncipe. O resultado não foi diferente: o pior índice de aprovação encontrado foi 68% e o melhor 75%. Notar que essas respostas não foram "voluntárias", mas sim colhidas em entrevistas nas ruas.
Outros críticos poderão dizer que essas pesquisas não são científicas. De fato, apenas as pessoas que têm acesso à Internet podem respondê-las, o que significa que não é um extrato significativo da sociedade. Mas é um indicador razoável. O percentual pode não ser exato, mas a tendência pode ser extrapolada. Observar que nas pesquisas inglesas as consultas foram obtidas nas ruas, o que invalida essa argumentação.
Dirão, também, que nesse tipo de pesquisa, apenas as pessoas interessadas no assunto perdem tempo lendo a matéria e votando na enquete e que os proprietários de armas têm mais interesse em votar que os não proprietários. Pode ser. Mas não devemos esquecer da enorme quantidade de ONG anti-armas existentes nos EUA e no resto do mundo. Será que esses proibicionistas militantes não votam? Será que só os proprietários de armas votam? Será que só os proprietários de armas estão ligados na INTERNET? Será que todo proprietário de arma é um militante? Convenhamos, é pouco provável.
E no Brasil, seremos diferentes do resto do mundo? Também não. Muito embora este seja um assunto proibido de ser pesquisado, de vez em quando alguém se distrai e faz uma consulta ao distinto público. Em julho de 1995, no auge do escândalo causado pela importação de armas da China pela Associação Brasileira dos Colecionadores de Armas (ABCA), o jornal O DIA, um jornal de feições populares do Rio de Janeiro, formulou a seguinte questão a seus leitores: "A compra de armamento no exterior deve ser permitida ou não?" Um telefone foi colocado à disposição dos leitores (Disque Opinião) para as respostas. O resultado surpreendeu até a nós: de 369 respostas, 82,8% responderam sim. Normalmente O DIA publica o resultado de suas pesquisas na edição do dia seguinte. Nesse caso, porém, o jornal alegou um defeito técnico e só publicou o resultado 2 dias depois num cantinho de página. Podemos ver que, mesmo após anos e anos de lavagem cerebral, nosso povo ainda sabe distinguir a verdade do embuste.
Não está no escopo do ARMARIA discutir filosofia política, mas não podemos deixar de observar que mesmo com toda opinião pública contrária, mais leis anti-armas foram aprovadas em todo o mundo. Não será esse o motivo do desprestígio da classe política? Como pode haver democracia representativa se nossos representantes não nos representam? Talvez devamos retornar aos métodos diretos de democracia inventados pelos gregos há 2400 anos atrás. Até hoje, na Suíça, qualquer decisão importante deve ser objeto de um plebiscito ou de um referendo popular. Não será essa a verdadeira democracia?
L.A.
(*) "Arma de assalto" é a expressão cunhada pela mídia americana para designar uma arma semi-automática de aspecto agressivo ou feia. É aproximadamente equivalente ao termo "arma exclusiva das forças armadas" empregado pelos nossos meios de comunicação. Nenhuma das duas expressões tem qualquer vínculo com a realidade.